
ACORDES
Num delicado movimento, os dedos acordam, suavemente, as cordas de um violão. Nesse momento, os amigos aproximam suas cadeiras da mesa e brindam com os olhos, numa conivência sã.
Dali pra frente, a melodia marcará o compasso da prosa. Pelos versos dos Borges, o manto azul-escuro , salpicado de estrelas, nos cobrirá por mais uma noite.
A lua, se não houver, será cantada ... encantada ... compartilhada.
Minas, é absolutamente musical. Feita de palavras pautadas. Feita de janelas que se abrem para paisagens estonteantes. Feita de girassóis que assumem tonalidades surpreendentes. Feita pra cantar.
Conviver com a música mineira, é conviver com a mais sensível expressão do belo. É deixar a cachoeira te lavar a alma ; é curar-se com perfumadas ervas.
Perceber a música mineira, é aprender a bordar ; é vigiar o avesso perfeito : costurar ... tecer. É tropeçar nas pedras do caminho : poetizar.
Saborear a música mineira é fazer amigos ; é fazer compadres ; é fazer cúmplices.
E assim, a cor alaranjada anuncia o sol. Na mesa, no último brinde , um próximo encontro.
Embriagados pelo som, nos despedimos de um sonho que jamais deixaremos envelhecer.
Ludimila Beviláqua Fernandes Terra
Crônica publicada no livro “Minas eu te amo”


Ai que saudaaaaade da minha terra!
ResponderExcluirMinas eu te amo!
Adorei Ludi. Mágico!
beijo.