A SABEDORIA COVARDE
Temos medo de formar leitores...desses que subvertem, contestam, atestam. Temos medo de formar leitores, da mesma forma que temos medo de formar eleitores. A leitura ainda é usada de maneira excludente, como em sua arrogante origem. Tentamos fazê-la democrática, mascaradamente democrática, mas a leitura, ainda é privilégio. E aquele que acredita tê-la dominado, se humilha diante da manipulação apelativa e inteligente da publicidade. Passivo, atende aos caprichos de anúncios minuciosamente elaborados para seduzi-lo. E se rende...sem nenhuma contestação.
Falamos de uma escola humanista e hipertextualizada, mas não fomos preparados para conduzi-la. Falamos de pluralidade textual como fórmula mágica de acompanhar a grande rede, mas nosso despreparo nos assusta e nos posiciona covardemente diante do outro.
Enquanto destilamos conceitos e nos apropriamos de códigos, o leitor vai, assumidamente, se relacionado com textos convenientes à sua vida. Aí se encontra a possibilidade de envolvê-lo com o ato de ler: provando de palavras que pode saborear, porque lle são possíveis.
A história nos comprova essa relaçãoquando nos remete aos folhetins, degustados prazerosamente, capítulo por capítulo, em praças públicas. O encanto pela leitura era real e o corpo tembém falava. É certo que se criaram funções práticas que fariam da leitura uma maneira de ascender socialmente aqueles que eram economicamente desfavorecidos e isso, certamente, ofuscou o olhar do leitor, obrigou-o, desafiou-o como gente.
Um leitor, jamais pode repousar... ele precisa produzir sentidos, não se subordinar, não permitir que a leitura se perca e reviver, através dela, a sua constante renovação.
Ludimila Beviláqua Fernandes Terra