segunda-feira, 6 de julho de 2009


ACORDES


Num delicado movimento, os dedos acordam, suavemente, as cordas de um violão. Nesse momento, os amigos aproximam suas cadeiras da mesa e brindam com os olhos, numa conivência sã.
Dali pra frente, a melodia marcará o compasso da prosa. Pelos versos dos Borges, o manto azul-escuro , salpicado de estrelas, nos cobrirá por mais uma noite.
A lua, se não houver, será cantada ... encantada ... compartilhada.
Minas, é absolutamente musical. Feita de palavras pautadas. Feita de janelas que se abrem para paisagens estonteantes. Feita de girassóis que assumem tonalidades surpreendentes. Feita pra cantar.
Conviver com a música mineira, é conviver com a mais sensível expressão do belo. É deixar a cachoeira te lavar a alma ; é curar-se com perfumadas ervas.
Perceber a música mineira, é aprender a bordar ; é vigiar o avesso perfeito : costurar ... tecer. É tropeçar nas pedras do caminho : poetizar.
Saborear a música mineira é fazer amigos ; é fazer compadres ; é fazer cúmplices.
E assim, a cor alaranjada anuncia o sol. Na mesa, no último brinde , um próximo encontro.
Embriagados pelo som, nos despedimos de um sonho que jamais deixaremos envelhecer.

Ludimila Beviláqua Fernandes Terra

Crônica publicada no livro “Minas eu te amo”

Um comentário:

  1. Ai que saudaaaaade da minha terra!

    Minas eu te amo!

    Adorei Ludi. Mágico!

    beijo.

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