domingo, 19 de julho de 2009

A SABEDORIA COVARDE

Temos medo de formar leitores...desses que subvertem, contestam, atestam. Temos medo de formar leitores, da mesma forma que temos medo de formar eleitores. A leitura ainda é usada de maneira excludente, como em sua arrogante origem. Tentamos fazê-la democrática, mascaradamente democrática, mas a leitura, ainda é privilégio. E aquele que acredita tê-la dominado, se humilha diante da manipulação apelativa e inteligente da publicidade. Passivo, atende aos caprichos de anúncios minuciosamente elaborados para seduzi-lo. E se rende...sem nenhuma contestação.

Falamos de uma escola humanista e hipertextualizada, mas não fomos preparados para conduzi-la. Falamos de pluralidade textual como fórmula mágica de acompanhar a grande rede, mas nosso despreparo nos assusta e nos posiciona covardemente diante do outro.

Enquanto destilamos conceitos e nos apropriamos de códigos, o leitor vai, assumidamente, se relacionado com textos convenientes à sua vida. Aí se encontra a possibilidade de envolvê-lo com o ato de ler: provando de palavras que pode saborear, porque lle são possíveis.

A história nos comprova essa relaçãoquando nos remete aos folhetins, degustados prazerosamente, capítulo por capítulo, em praças públicas. O encanto pela leitura era real e o corpo tembém falava. É certo que se criaram funções práticas que fariam da leitura uma maneira de ascender socialmente aqueles que eram economicamente desfavorecidos e isso, certamente, ofuscou o olhar do leitor, obrigou-o, desafiou-o como gente.

Um leitor, jamais pode repousar... ele precisa produzir sentidos, não se subordinar, não permitir que a leitura se perca e reviver, através dela, a sua constante renovação.


Ludimila Beviláqua Fernandes Terra

Um comentário:

  1. É estranho pensar na leitura, é estranho pensar no modo como minha geração a vê, no terror que sentem em ler um livro e no nojo que sentem em discuti-los. Acredito que a escola tem construído essa visão de alguma forma, tornando a leitura obrigatória e cobrando objetividade de textos completamente subjetivos, que estão fora da razão, que mexem com a alma. Voltar ao prazer da leitura não creio que seja uma missão para escolas, mas pais que deveriam ensinar aos filhos, desde novos, o prazer de imaginar um mundo novo e não pegá-los prontos na tv ou no computador, mostrar como é linda a construção de histórias e por si só a criança acaba descobrindo que aquilo não só é bom como também importante para sua vida, então busca estar em conexão com esse meio e aproveitar o máximo para se construir e transformar a sua realidade.

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