Algumas coisas são essenciais... os sentidos, por exemplo. Tato, visão olfato, paladar e audição se unen numa perfeita definição: a possibilidade de sentir integralmente as emoções.
Vivo uma delas, em sua plenitude.
À minha frente, corredores, salas, varandas, pátio, jardim, compõem um cenário absolutamente familiar. Há vinte e um anos atrás, os portões da Regina Pacis eram para mim uma incógnita; representavam o novo, o improvável, o imprevisível.
Eu, uma criança de dez anos, experimentava no estômago o friozinho da estréia.
Minha vida seria então habitada por personagens e personalidades inesquecíveis. Alí, aprenderia o poder da palavra : escrita, falada, escutada. Alí, sentiria que a camisa de um time é muito mais que a representação de uma equipe; construiria sólidas amizades. Alí, viveria as transformações da idade, me identificaria ou não com pessoas e atitudes, respeitaria as diferenças...cresceria.
Vinte e um anos depois, à minha frente, os portões da Regina Pacis eram novamente uma incógnita, um imprevisível encontro e outra vez a estréia me esfriou o estômago.
Nesse momento provei intensamente de meus sentidos... o cenário, agora seria identificado por seus cheiros, gostos, sons e belezas. Experimentei lembranças.
Meu Deus... o cheiro da capela, perfume pra alma!
No pátio, as reivindicações por um lugar no time me retornavam sons muito presentes. Deslizei minhas mãos pelo corrimão da imponente escada e pude perceber sua imutável solidez.
O lanche no recreio... a incontestável beleza arquitetônica...rostos tão conhecidos...íntimos.
Hoje não vim buscar a “caderneta”, mas meu diário de classe!
Para meus alunos, resgato o melhor de meus mestes.
Para minha escola, resgato minha história ; revisito saudosamente as páginas de seu livro-vida e encontro nas palavras do poeta minha saudação :
“ Evoca os reinos incomunicáveis do espírito, onde o sonho se torna pensamento, onde o traço se torna existência “.
É... algumas coisas são decididamente essenciais!
Ludimila Beviláqua Fernandes Terra
Lembranças desse lugar nunca faltarão nas memórias espalhadas por aí. Nao li seu texto, esse eu pude sentir! PERFEITO!
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