terça-feira, 26 de julho de 2011

PARA QUE SERVE UM IRMÃO?

Um irmão serve para dividir os apertos
E para dar sentido ao aperto de mão.
Um irmão serve para acolher,emprestar o ombro e o coração.
Serve para parar o relógio diante da pressa e ouvir.
Serve para transformar o silêncio em conselho.

Para que serve um irmão?
Serve para compartilhar aquela música,
Para conversar com os olhos,
Para emocionar o encontro.
Para manter viva a memória.

Um irmão serve para descontarmos nossa fúria,
Para aprendermos a pedir desculpas,
Para aprendermos perdoar.

Para que serve um irmão?
Um irmão serve para nos levar para casa,
Para sentir e provocar ciúmes.
Para recomendar o melhor bar,
E sentir sua ausência na hora do brinde.

Um irmão serve para nos honrar,
Para nos orgulhar,
Para nos fazer sorrir
Para compartilhar lembranças e emoções.

Serve para que nunca, e em tempo algum, estejamos sós!


PARA A CIDADE DE PEDRO


Que Petrópolis é uma cidade encantadora é fato, é lugar-comum reverenciar sua arquitetura, suas inesgotáveis referências históricas, seus personagens reais em enredos que povoam nossos livros didáticos e literários.
Vivi em Petrópolis por dois anos e desde então, não consigo passar um só ano inteiro sem beber de suas fontes: a cultura, a gentileza dos passantes, o geladinho das manhãs. É como energizar para seguir o caminho.
Foi para isso que passei por ali no último feriado. Fotografava como uma turista e tentava ângulos ainda não registrados nesses anos todos de convivência. E como os encontro! Infinitos ângulos, inusitadas cenas. Não tenho a conta das imagens registradas, mas não há uma só repetida, ainda que seja do mesmo lugar.
Fiquei pensando, então, nas mais belas descrições que li sobre Petrópolis. A última, e talvez a mais bela, foi assinada pelo maestro João Carlos Martins numa crônica da Revista de Domingo do Globo. Falava da sua relação de intimidade e paixão. De sentimentos que o moveriam na apresentação que faria na cidade. Sua descrição era emocionante, lúdica e forte como sua vida e sua obra.
Inebriada pelos caminhos que o autor me conduziu, comecei um passeio pela luz do inverno. A manhã petropolitana é cintilante nesta estação. Caminhar por suas calçadas e observar a maneira como o Sol abraça sua arquitetura, é saudável para o espírito. A Catedral iluminada pelo Astro Rei remonta cenários cinematográficos, de atmosfera lírica. Ali, não me curvo à monarquia, mas, definitivamente, me faço súdita dessa cidade.
Preciso voltar, sempre, a Petrópolis. Tenho motivos para isso, muitos. Mas o maior de todos é por ter começado ali a maior das histórias de amor. E por isso, enxergo as belezas e tão somente elas. Reconheço os problemas, mas quando estou na cidade de Pedro não penso neles, não os vivo, não os quero. Pena mesmo é que o Natal seja no verão. Pois vestida de luzes para a festa, Petrópolis é sedutora. Combinaria muito com o tinto do vinho.
Revivo, passeando, personagens de uma história real: a minha história. Vão envolvendo-me aos poucos numa saudosa sensação. Tenho ali também a acalentadora impressão de estar em casa.
Petrópolis é muitas. Tem a Bohemia e a boemia. Tem a arte e inúmeras manifestações artísticas. Tem meninos-canários cujas vozes remetem ao Divino. Tem palácios encobertos pela névoa branquinha nos convidando a admirá-los. Tem a Sombra e a Luz recontando a História do nosso país, cruzando os jardins que Pedro caprichosamente cultivou. Tem vitrais coloridos e verdes caminhos. E muitas vezes reticências.
A atmosfera petropolitana é decididamente singular. E foi essa atmosfera que dividimos com os amigos em nossa última passagem por aquelas terras. E por ter sido tão bom, é que partilho com você, leitor, uma fatia desse bolo que provavelmente já tenha sentido o sabor, ou quem sabe seja um convite, para que também saboreie uns dias na serra.
Os parabéns, na ocasião, eram para os 150 anos da estrada União e Indústria. O chopp, mais bem servido que já experimentei, vinha da antiga fábrica da Cervejaria Bohemia, reativada para saudar os convidados, o cenário era o Palácio de Cristal. E foi assim que brindamos mais uma vez à vida, ao amor e à alegria de podermos estar ali. Saúde!