domingo, 5 de setembro de 2010

NOSSOS ÍDOLOS AINDA SÃO OS MESMOS?

Ludimila Beviláqua Fernandes Terra

A juventude repete reinventando a história, dá a ela novos tons (de cores e melodias), rende-se apaixonadamente a ídolos hoje tão volúveis e imediatos. A memória encurta-se cada vez mais e o sentido do bom parece ganhar novas conotações. Como é mesmo o nome daquela banda cantada incansavelmente no verão passado? Como é mesmo aquela música que a estação nos impunha para realçar ainda mais o calor ? Onde foram parar as batidas compassadas, repetitivas , que prometiam ficar ? Alívio:sumiram como sumiu o pensamento daqueles que juravam estar diante de um novo fenômeno musical. Ambos pela insuficiência de argumentos.
Dizem que o que é realmente bom, dura pra sempre! Não conheço o tempo relativo ao sempre, mas posso afirmar que o que é bom sempre fica. A arte aí está para nos provar historicamente essa colocação. A pintura, a escultura, a literatura, a música : quando verdadeiramente expressadas, ficam. E que bom que ficam!
De todas as artes, a música talvez seja a mais possível. Em cada canto de mundo, seja por um radinho de pilhas ou por um sofisticado equipamento, a música chega. Encanta e seduz. Não pretendo aqui, julgar tribos ou gostos. Muito menos destilar conceitos, pré-conceitos ou pós-conceitos, embora os tenha. Mas sou uma ouvinte e uma consumidora exigente, portanto, parcial.
Sempre gostei e consumi música. Acompanhei a trajetória de meus ídolos, cantei com eles, chorei por eles. Meus cabelos e roupas denunciavam o tipo de vinil que rolava na minha vitrola, hoje convertidos em uma zelada coleção de cds. Por isso, lamento tanto quando vejo a ausência de personalidade, de estilo e de exigência, ao reunirem no mesmo cd o que há de melhor com o que há de pior na música sem ao menos perceber a diferença e, como se nada significasse, as pessoas permanecem , dançando ou não, inertes. E ainda dão nome a essa absurda falta de coerência, de ecletismo.
O rock sempre foi sinônimo de transgressão. Era o diferente, e o diferente sempre desafia. O mundo, então, vivia de uma outra forma. Festivais de música reuniam jovens politizados que usavam a música, fosse ela dedilhada em um violão ou no rangido de uma guitarra, para fazer valer o direito à liberdade. O sentimento libertário sempre moveu o mundo musical. Portanto, pegue a guitarra, junte a banda, pesquise sobre música, estude, informe-se, produza e ouça qualidade. Fique bem longe de tudo aquilo que existe pra te detonar, inclusive pessoas. Chame os amigos, divirta-se.
Quem sabe, mexendo nos empoeirados vinis de fundo de gaveta, você verá que a juventude ,com todas as suas minúcias , não é um privilégio só seu e que é nela, no seu tempo, que a música poderá ou não ser pra você, muito, muito mais que a promessa de uma festa, com começo e fim!

Um comentário:

  1. "Bota a mão na cabeça que vai começar... O Rebolation, tion" Hahaha. Muito bom! Tive que ler seu texto pra minha mãe; é a cara dela. Eu, graças a Deus, aprendi a gostar do melhor. Desde pequena ouço Chico, Bethânia, Elis, Clube da Esquina, Tom, Caetano, Cássia Eller, Djavan, Cazuza, Lulu, Nara, Raul, etc. Mas respeito a oligofrenia cultural das pessoas, porque participei da fase do "Baba baby, baby baba” e fui QUASE possuída pelo ritmo ragatanga, do Rouge. Hoje, os cantores bons da nova geração são apagados pelos meninos-coloridos (Restart, Cine, Fresno) que ganham prêmios em categorias como “Artista do ano” [Vergonha alheia!]. Temos a Roberta Sá, Mariana Aydar, Ana Cañas, o gato do Diogo Nogueira, que faz um samba muito bom. Temos Marina de La Riva, Céu, Los Hermanos, mas no que os jovens prestam atenção??? No Justin Bieber e no Fiuk! E além disso, gastam dinheiro com micaretas para ouvirem: comigo é na base do beijo, comigo é na base do amor. Não tem chove não molha desse jeito que sou. [Vergonha alheia de novo!]. Tá certo que me propus a experimentar uma micareta, mas e seu eu for pisoteada? Hahaha. Brincadeira. Não consigo parar de "falar", você me ensinou a ser muito crítica!!! Hahaha. Beijo, Ludi. Eu te amo

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